Comunicação com Nosso Senhor

“Uma coisa importante à qual deveis aplicar cuidadosamente é Ter uma grande comunicação com Nosso Senhor na oração: é lá o reservatório onde encontrareis as instruções que vos serão necessárias para cumprir bem a tarefa que tereis. Quando tiverdes qualquer dúvida, recorrei a Deus e dizei-lhe: ‘Senhor, que sois o Pai das luzes, ensinai-me o que é preciso que eu faça nesta ocorrência’.
Dou-vos este aviso não só por causa das dificuldades que havereis de sofrer, mas também para que possais, aprender diretamente de Deus, aquilo que devereis ensinar. Imitando nisso a Moisés que anunciava ao povo de Israel somente aquilo que Deus havia inspirado: “Haec dicit Dominus!’ – ‘Assim fala o Senhor’.
Ademais, devereis recorrer a Deus pela oração para conservar vossa alma no seu temor e no seu amor; pois, infelizmente, sou obrigado a vos dizer e vós o deveis saber que se perde freqüentemente contribuindo-se para a salvação dos outros. Tal fato é bem particular para aqueles que se esquecem de si mesmos estando ocupados por fora. Saul foi considerado digno de ser rei, porque vivia bem na casa de seu pai; e, no entanto, após Ter sido elevado ao trono, decaiu miseravelmente da graça de Deus. São Paulo castigava o seu corpo por temor de ele mesmo ser reprovado após Ter pregado aos outros e Ter-lhes mostrado o caminho da salvação.
Ora, para não cair na desgraça como Saul, nem como Judas, é preciso que vos apegueis inseparavelmente a Nosso Senhor e lhe digais muitas vezes, elevando o vosso espírito e o vosso coração para Ele: ‘Ó Senhor, não permitais que querendo salvar os outros, eu venha a me perder miseravelmente; sede Vós o meu Pastor e não me negueis as graças que comunicais aos outros por meu intermédio e pelas funções de meu ministério’.
Deveis ainda recorrer à oração para pedirdes a Nosso Senhor pelas necessidades daqueles cuja direção vos será confiada. Credes seguramente que obtereis mais fruto por este meio que por qualquer outro. Jesus Cristo, que deve ser o exemplo de todos os nossos procedimentos, não se contentou de empregar suas pregações, seus trabalhos, seus jejuns, seu sangue e sua própria morte; mas a tudo isto acrescentou a oração. Ele não tinha necessidade para Si; isto foi, portanto, para nós, por quem mesmo, tanto no que diz respeito a nós como no que se refere àqueles de que devemos ser junto com Ele salvadores”.
(São Vicente de Paulo IN: Pierre Coste XI,345; cf. André DODIN, São Vicente de Paulo e a Caridade, p. 92-93)

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