Frederico Ozanam
Frederico Ozanam é uma figura totalmente excepcional na história da Igreja Católica. Da Igreja, é bom insistir, pois ele sentiu-se sempre e com toda a radicalidade filho e membro da Igreja: “ Profundamente laico sem deixar de ser católico”, como se expressava ele mesmo. Como “laico” refere-se ao contexto vital em que ele quis viver a sua fé.
Uma fé situada no mundo; no seu caso, no mundo da alta cultura como professor da Sorbona e escritor de prestígio. Como católico, refere-se ao princípio vital da sua existência. Após uma forte crise de fé aos dezassete anos, crise provocada pelo seu primeiro contacto com o ambiente pós-revolucionário e descrente da Universidade de Paris, o jovem Frederico encontra o princípio e o e a razão de ser da sua vida até à morte prematura aos quarenta anos, na fé em Jesus Cristo e na Igreja, transmitida através de seus pais.
O seu nome podia muito bem ter passado à história pela qualidade da produção intelectual, mas foi só parcialmente. Na verdade o que o mantém hoje vivo é a sua dedicação e o seu amor aos pobres e a sua participação na fundação das Conferências de S. Vicente de Paulo.Tem apenas 28 anos quando descobre, e assim o diz na primeira reunião das Conferências, que há que descobrir e “contemplar Jesus Cristo sofredor na pessoa dos pobres.”
O cristão não tem outra maneira de chegar ao Deus de Jesus Cristo, pois “a Deus não o vemos senão com os olhos da Fé, mas os pobres vemo-los com os olhos da carne. São imagens sagradas do Deus a quem não vemos. E como não podemos amá-Lo doutra maneira, amá-lo-emos na pessoa dos pobres.”Vicente de Paulo, a quem Frederico Ozanam e os seus companheiros aceitaram desde o primeiro momento, como patrono e inspirador das Conferências, teria afirmado exactamente a mesma coisa. Vicente de Paulo, sacerdote, e Frederico Ozanam, leigo e pai de família, são almas gémeas.
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