A TRAJETÓRIA DE VICENTE DE PAULO E SUAS EXPERIÊNCIAS COMO EDUCADOR
O missionário dos campos, o formador do clero, sendo o melhor do seu tempo, é conhecido pelas pessoas que estudaram um pouco a história da igreja, mas o homem de profunda espiritualidade é praticamente ignorado como educador. Curiosidade, vivacidade de mente, facilidade nas relações vão lhe permitir começar muito jovem suas diversas experiências como educador: 1. Primeira experiência - Colocado em Dax para fazer seus estudos, aos 11 anos de idade, o juiz responsável de sua cidade levou-o para sua casa para explicar as lições de suas crianças. 2. Segunda experiência – Depois de uma curta temporada em Saragoça, ele continua seus estudos em Toulouse, onde dirige um pequeno pensionato. Ele recebe o subdiaconato e diaconato antes da idade, o que era normal. Ele recebe o sacerdócio no dia 23 de setembro de 1600 com 19 anos e meio de idade. 3. Terceira experiência - Após os 4 anos de Teologia, ele se torna bacharel, com o direito de ensinar como professor adjunto. Várias indicações permitem afirmar que efetivamente ele ensinou. 4. Quarta experiência – que foi a primeira como educador do ensino religioso popular. Pároco de Clichy em 1612, ele se doa totalmente em todas as atividades de um vigário, inclusive nas finanças, mas especialmente ao catecismo e a pregação. 5. Quinta experiência.- Desde o outono de 1613, Bérulle o faz entrar como preceptor na casa do General das Galeras da realeza, M. de Gondi. Seu último filho, o futuro cardinal de Retz, acabara de nascer. O segundo tinha dois anos de idade, o mais velho tem sete anos. 6. Sexta experiência - Essa experiência não toma todo o seu tempo; ele continua então seus estudos. Ele prega e confessa os camponeses, descobrindo progressivamente sua ignorância e o medo que eles tinham de acusar seus grandes pecados ao pároco. Ele adota a prática de propor a confissão geral, que os liberta a tal ponto que um deles, em janeiro de 1617, conta à Madame de Gondi que lhe solicita fazer oficialmente uma pregação sobre este assunto. A afluência é tal no confessionário que foi preciso chamar os jesuítas de Amiens e Vicente descobre então a necessidade de fazer a missão em equipe. 7. Sétima experiência - Em Châtillon-sur-Chalaronne, ele descobre a dedicação dos leigos com quem funda uma confraria da Caridade, onde as Damas asseguram não apenas o serviço corporal dos pobres doentes, mas também o serviço espiritual: catequese e acompanhamento dos agonizantes; a formação dos leigos e sua vocação educadora, especialmente das mulheres. Ele soube passar aos outros sua preocupação de educador. 8. Oitava experiência - Vicente e o bispo de Beauvais vão lançar, em 1628, uma forma original de formação, ou melhor, de educação dos futuros padres – que se poderia chamar de “formação profissional acelerada”: os retiros dos ordinandos, três vezes de quinze dias, antes do subdiaconato, do diaconato e do sacerdócio. O regime é muito intenso, mas é curto e o sucesso é imediato. Os candidatos, que eram relutantes a ficar em regime fechado por 6 meses ou um ano, aceitam as sessões de 15 dias. 9. Nona experiência - Vários sentem que tal formação é muito rápida e sugerem que ela seja contínua. Em 1633, começaram as Conferências das terças-feiras: a cada terça-feira, eram colocadas em comum as leituras, as experiências e as reflexões sobre o assunto que havia sido decidido na reunião anterior e o M. Vicente ou outra pessoa, concluía com uma exposição. Os frutos foram tão bons que desse grupo saíram o fundador da Sociedade de São Sulpice, Jean-Jacques Olier e vários bons bispos. Eis sua espiritualidade inspiradora: seguir Jesus que quer que nós sejamos perfeitos como o Pai, vivendo do Espírito Santo e trabalhando para unir seus filhos com Deus e entre eles, à imagem da Unidade das três Pessoas divinas e, por outro lado, servindo Jesus em seus membros, segundo suas palavras em Mateus 25,31-46 (o último julgamento). As caridades também são propagadas e uma jovem viúva, Louise de Marillac, as sustenta através de visitas e de entrevistas. Em várias paróquias parisienses já existem estas atividades e logo as grandes damas, que não são mais suficientes para o trabalho, ou hesitando visitar as casas dos miseráveis, mandam suas empregadas ou as meninas pobres fazerem esse trabalho. Luisa é responsável pela formação dessas jovens. Entre essas meninas, podemos mencionar Margarida Naseau, pastora analfabeta que aprendeu a ler, interrogando as pessoas que passavam enquanto ela pastoreava. Aprendeu a ler e depois passou a ensinar às crianças. Ela morreu por ter alojado em seu quarto uma pobre infectada de peste. São Vicente não escreveu um tratado sobre o ensino ou a educação, mas ele aconselhou muito de viva voz e através de cartas aos seus coirmãos e às Irmãs. Ele, sem dúvida, participou na redação das Regras para as Irmãs das Escolas que parecem mais com Santa Luisa. Ele afirma fortemente o princípio: Instruir faz parte da Missão, da vocação dos padres, das Irmãs e dos leigos. Ele repetirá freqüentemente que é esta sua missão, assim, no dia 15 de outubro de 1641: IX, 48, ele diz: “Vocês não estão somente para servir os corpos dos pobres doentes, mas também para lhes dar instrução no que vocês puderem. É por isso que é bom que vocês não percam nenhuma ocasião de se instruir bem vocês mesmas”. No dia 9 de fevereiro de 1653, ele explica novamente o espírito da Companhia: IX, 592 “O espírito da Companhia consiste em se dar a Deus para amar Nosso Senhor e servi-lo corporal e espiritualmente na pessoa dos pobres, em suas casas ou em outros lugares, para instruir as meninas pobres, as crianças e geralmente todos aqueles que a divina Providência lhe envia”.
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